A história de “Inverno da Alma” se passa nas montanhas de Ozarks, no Gélido Estado do Missouri, sul dos Estados Unidos, e conta a história de Ree Dolly, uma garota de 17 anos, que desde a prisão do pai, um narcotraficante local, é a responsável por cuidar dos dois irmãos mais novos e da mãe adoentada, beirando o estado vegetativo, a trama do filme começa quando a garota é informada que o pai saiu da cadeia em condicional, e precisa apresentar-se ao tribunal Dalíhá alguns dias, caso contrario, a fiança paga por um fiador será cobrada, o problema, é que Jessup (Pai de Ree) colocou como garantia a propriedade da família e caso ele realmente não apareça, tudo que resta para Ree e seus irmãos será tomado. A garota começa então uma busca pelo Pai desaparecido, só que à medida que ela vai remexendo a história, vai descobrindo fatos bem mais complexos, pessoas supostamente envolvidas não vão gostando nada disso, e começam a se colocar no caminho da determinada e corajosa garota, a comunidade local partilha de um mesmo parentesco, e possuem seu próprio código de conduta, por isso tudo, Ree acaba durante a história infringindo o silêncio e a acomodação convencionada por aqueles habitantes, o filme é um suspense, a busca de uma jovem por seu pai, não buscando afeto ou respostas, mas, sendo movida por um instinto de sobrevivência, para não perder o pouco que lhe resta.
Baseado no livro de mesmo nome, do autor Daniel Woodrell,inédito no país, o filme oscila entre o alternativo e o comercial, para ser sincero, é uma história sem muitas emoções, existe um tema central, e tudo gira em torno dele, não há densidade alguma nos personagens, desconfio que não haja densidade nem mesmo na personagem principal, o que mais parece, é que, Ree foi construída apenas para viver aquela história, depois daquilo vira fumaça. O filme é classificado como um suspense noir, e a fotografia ajuda muito nisso, acho que é tudo o que o filme tem a oferecer, uma boa fotografia, um retrato superficial, que tentou ser realista, das comunidades que ocupam aquela região norte americana, para entender melhor a história e sentir que ela tem algum valor, sugiro que você assista o filme mais de uma vez, o final fica sem muitas explicações, dificilmente esse filme chegaria ao Brasil se não fosse tão indicado a prêmios, foi ovacionado no festival de Berlin e Sundance, por tanto sustenta a teoria de muitos críticos, é um filme de festivais, não mais que isso, a diretora DebraGranikestava bastante preocupada em fazer um retrato realista da história, tanto, que em muitos momentos o filme se confunde com um documentário da vida de família Dolly, o que o distancia ainda mais do circuito comercial.
Jennifer Lawrence tinha apenas 17 anos quando as gravações foram rodadas, e junto com Josh Brolin (TrueGrit) são as mais novas atrizes a disputarem a estatueta nesta 83° edição, o que vai servir de uma belíssima experiência, acredito que sem muitas surpresas, a interpretação da atriz é boa, forçada em alguns pontos, muito machuda (me permitam usar esse termo), mas já vimos piores sendo concorrentes, na verdade um filme independente e alternativo como esse já está no lucro, só mesmo de aparecer no telão, a final com um orçamento tão baixo, foram U$ 2 milhões,baixo até mesmo para filmes da mesma categoria, como "Preciosa" (U$ 10 milhões) e "Guerra ao Terror" (U$ 11 milhões). Mas a grande surpresa ficou por conta da indicação de ator coadjuvante para John Hawkes, ele não chama muita atenção durante o filme, não sabemos se a indicação foi para encher linguiça ou mesmo por reconhecimento do trabalho, resta só esperar para ver se o favoritismo de outros prevalece ou não sobre esta zebra. O filme também foi indicado na categoria roteiro adaptado.
FICHA TÉCNICA
Direção: DebraGranik
Elenco: Jennifer Lawrence, John Hawkes e Kevin Breznahan.
Duração: 1 hora e 40 minutos
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