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sábado, 24 de setembro de 2011

Máquina: A história de uma paixão sem limites


Usar o teatro como forma de protesto não é inovador, muito antes do Rádio e da Televisão, e por último a internet, esta arte já era utilizada para expor as mazelas da sociedade da época, “Máquina: a história de uma paixão sem limites” novamente traz a tona o estilo de vida do homem moderno, mostrando fatos e situações em que os seres humanos dentro de toda a revolução industrial acabaram se tornando verdadeiras máquinas, sem direito a pensar ou agir conforme seus sentimentos ou necessidades, de acordo com a história veem-se nitidamente as transformações que um casal vai sofrendo ao longo de sua vida, sendo ela influenciada pelas dificuldades enfrentadas em torno de seu trabalho pesado, durante o espetáculo, uma série de personagens caricaturais vai sendo apresentado ao publico, como é de praxe no teatro, os exageros muitas vezes podem passar a ideia de uma grande comédia, apenas, mas, cada um tem um papel importante nessa história, cada personagem representa um protesto, um tipo de problema que muitas vezes vai sendo ignorado, ou mesmo, vai sendo deixado para ser resolvido em outro momento. A peça alia a dramaturgia ao musical, varias situações não são apenas interpretadas, mas, também cantadas, o elenco se sai bem nas duas áreas, destaque para as interessantes coreografias, e o grande elenco da peça, o que acho muito legal, gosto muito de ver a integração entre os atores, desde o personagem principal, até os figurantes, isso é para mim um termômetro de quanto a peça está fluindo, o que acaba pesando muito na minha avaliação final.

O enredo desse trabalho começa com um casal expondo seus amores, fazendo declarações, se reencontrando e se afastando, é um misto, dentro do tempo em que eles estiveram juntos, a partir dai vamos entendendo qual é o papel do senhor e da senhora Duran no espetáculo, a peça mostra a expectativa dos funcionários ao começar seu dia de trabalho, como eles se sentem motivados a produzir e produzir naquele dia visando à promoção, o aumento de salário, a melhoria de vida, a grande vilã da peça é a senhora crítica/gerente um ser bizarro completamente neurada e tensa, que é na verdade a grande sensação, ela aterroriza os funcionários, ameaça e sempre explora para que produzam mais, tem uma leve queda por mulheres, faz de tudo para que as pessoas envoltas dela estejam em pânico, sua frase principal é “não goste!”. Outro personagem de destaque é a secretária da senhora crítica/gerente, um travesti completamente inspirado na personagem Emilly, 1º secretária de Miranda Priestly  no filme O Diabo Veste Prada,  muitas das falas usadas no texto são do próprio filme. A partir da apresentação dos personagens a peça se desenrola em piadas de excelente raciocínio e boas atuações.

Uma das melhores peças que já assisti, os atores são excelentes, a escolha do gênero comédia para falar desse assunto é de um acerto maravilhoso, fiquei particularmente encantado com alguns personagens, por exemplo, você conhece a Sila? Não? Nem eu! Sila é um personagem que a todo o momento é mencionado na peça, ninguém nunca a viu, mas, sempre ouve falar, na verdade Sila nunca trabalhou na fábrica, mas, seu nome se encontra em todas as folhas de pagamento, ela representa toda a problemática dos funcionários fantasmas, que são usados para falcatruas em empresas e todo mais. A peça se encerra novamente com um musical, uma das funcionárias começa a cantar uma música triste, bem diferente da que cantou no inicio, enquanto a primeira era cheia de esperança e motivação, a última é melancólica, pois mais um dia passou, muito trabalho foi realizado, mas, a promoção não veio, o reconhecimento por aquele esforço não foi dado, novamente vemos um crítica, para encerrar, mesmo com todo o esforço, quem no final sai favorecido é o patrão, todos os funcionários voltam para casa na esperança de no amanhã conseguirem a tão sonhada projeção social.  


Fotos de Anne Beatriz

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