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sábado, 17 de setembro de 2011

Eu Matei Minha Mãe

O filme da crítica de hoje é indicado por mim, fiquei encantado quando assisti esse filme, o título é “Eu matei minha mãe” parece uma história forte, é sim! Só que não de assassinato, pelo menos não físico, o garoto é Humbert um rapaz incompreendido que se julga especial por possuir certos talentos e gostos peculiares, sua mãe Chantale é uma perua excêntrica nos gostos, mas que desnuda é uma mulher tradicional e comum, o autor e diretor do filme é Xavier Dolan, que também é o protagonista do longa (Humbert) ele escreveu essa história quando tinha apenas 16 anos e segundo ele é autobiográfica, fala de seu próprio drama na adolescência. Humbert e sua mãe não se entendem, eles brigam desde a hora do café da manhã passando por todas as etapas do dia na qual eles se encontram, o garoto incompreendido busca refugio na casa do amigo, que ao contrário dele, tem uma mãe liberal e bem resolvida, e nesse jogo de comparações que a raiva e o ódio por Chantale é exacerbado, para piorar o pai de Humbert, um empresário, praticamente desapareceu da vida do garoto, percebe-se no rapaz uma profunda carência, e uma necessidade da figura paterna, que ele não consegue encontrar na mãe. A situação piora mesmo quando o pai reaparece e junto com a mãe resolvem enviá-lo para um colégio interno, para frente a história vai ficando cada vez mais tensa, cominando em uma grande decisão.


A adolescência é sempre um período complicado na vida de uma pessoa, é nessa fase que os relacionamentos se tornam difíceis, principalmente entre pais e filhos, o adolescente sempre acha que os amigos o amam mais que a família, resultando em uma série de conflitos e atritos dentro de casa. O filme retrata isso muito bem, não fantasia, não exagera, mostra um garoto incompreendido, uma mãe despreparada e uma série de fatos contrários, você não sabe bem, de quem é a razão, há momentos em que um começa a briga, o outro quando está tudo bem assume as rédeas do conflito e assim vai até o final, nessa história Humbert é Homossexual, o que faria com que nós pensássemos que a relação dele com a mãe seria muito mais facilitada, o que não é verdade, o mais impressionante é que Chantale não se mostra preconceituosa depois que descobre a opção sexual do filho, mas, ainda assim os conflitos persistem, é como se eles não combinassem até nas coisas em comum entre eles. Um ponto que me interessou bastante, também foi à abordagem da figura paterna, parece a primeiro momento que o pai não é peça importante na vida do garoto, mas, ao contrário, quando ele recebe um telefonema do pai convidado ele para passear, vemos que o semblante do rapaz muda, fica satisfeito, não questiona a ausência de tanto tempo, isso nos leva a pensar que é jogada a figura paterna a responsabilidade dessa crise emocional do garoto, mas, o filme também rebate esse pensamento quando, a mãe é questionada pelo diretor da escola interna, que talvez o problema de Humbert seja a figura do Pai, o que a mãe em grande exaltação defende a dificuldade de se criar um filho e que as questões e os conflitos entre eles independem de alguém que só foi homem para fazer a criança e não a criou.

Xavier Dolan também me impressionou bastante como diretor, fiquei encantado com a posição das câmeras escolhidas para as imagens, tem uma cena em que eles estão conversando na mesa e ele está sempre filmando os dois em cantos opostos com um grande espaço mostrando o plano de fundo, isso intensifica ainda mais a ideia de distância entre os dois personagens e como eles estão em posições opostas na vida, mesmo estando tão próximos, na verdade estão longe mentalmente. Algumas montagens com imagens avulso são exageradas, como a da mãe vestida de Maria com lagrimas de sangue, poderia ser dispensável, fica cafona, agora outras cenas como a da quebra do espelho na lanchonete e a perseguição em que ele corre atrás da mãe pela floresta em um cenário Outonal é fantásticas, muito bonitas e bem feitas. Excelente filme, autoral, boa produção Canadense, e um diretor tão novo, mas cheio de personalidade, só pra não esquecer, muito bem feita a cena em que Hubert e o namorado tem relação sexual, a ideia de Jackson Pollock com toda sua abstração e seus desenhos sem forma e com muita beleza, traduzem bastante a relação dos dois. Fantastic!

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